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A Sombra na Quinta do Lago: Um Mistério Assombroso A2.2

A European Portuguese horror story by Anabela Silva

  Era uma noite escura e tempestuosa. O vento uivava como um lobo faminto, e a chuva batia com força contra as janelas da Quinta do Lago. Lá dentro, a pequena Ana estava sozinha, a ler um livro antigo que encontrara no sótão. A história falava de uma figura sinistra, uma sombra que assombrava as noites de quem se atrevia a entrar na quinta depois do anoitecer. Ana não acreditava em fantasmas, mas algo naquele livro a deixava inquieta.

As páginas estavam amareladas e cheias de anotações misteriosas. Parecia que alguém as escrevera há muito tempo, com uma tinta que já se esvaía. As palavras, embora escritas numa caligrafia ilegível para Ana, pareciam sussurrar-lhe ao ouvido, contando uma história de terror e suspense. Quanto mais lia, mais sentia a presença de algo frio e sinistro na velha casa.

De repente, a luz da vela que iluminava o quarto apagou-se, deixando Ana no escuro. Um arrepio percorreu-lhe a espinha, e um gemido ecoou pelos corredores da quinta. Ana tentou gritar, mas a voz desapareceu-lhe na garganta. A escuridão era tão completa que podia sentir a presença de algo invisível a observá-la.

Enquanto tentava acender novamente a vela, ouviu passos leves, quase imperceptíveis, a aproximarem-se. O som parecia flutuar no ar, sem que conseguisse precisar a origem. O medo agarrou-se-lhe ao peito, apertando-o cada vez mais. A sensação de ser observada intensificou-se, e uma sombra escura, como se uma presença maligna a envolvesse, tomou conta do quarto.

Ana sentiu um sopro frio na sua nuca e, ao tentar virar-se, deparou-se com uma silhueta na penumbra. Uma figura alta e magra, com um chapéu de aba larga que ocultava o rosto, aproximou-se devagar. Os seus passos eram silenciosos, como se flutuasse no ar. O coração de Ana batia forte no peito, e a respiração tornou-se difícil.

Com um medo crescente, tentou afastar-se, mas os pés recusavam-se a obedecer. A figura aproximou-se ainda mais, e Ana conseguiu distinguir os olhos brilhantes, cheios de uma malevolência aterradora. Eram olhos negros como a noite, que pareciam penetrar a sua alma. A figura estendeu a mão, e Ana viu unhas longas e afiadas. O toque frio e macabro parecia penetrar na sua pele.

Ana fechou os olhos, esperando o pior. Sentiu uma mão fria a segurar a sua, e um sussurro glacial perto do seu ouvido. Era uma voz rouca e sibilante, que a gelava até aos ossos. A voz disse: "Estás na minha casa agora. ", e Ana sentiu um abraço gélido, mas ao mesmo tempo, reconfortante, envolvê-la.

Quando Ana abriu os olhos, estava de volta à sua cama, sob o cobertor, a luz da sua lâmpada de cabeceira acesa. O livro estava ao seu lado, aberto na mesma página. Mas sentia um frio que não parecia vir da noite de inverno. Olhou em volta e viu que estava tudo normal, tudo em seu lugar. O medo, porém, permanecia.

Passaram-se dias, e Ana não conseguia tirar a imagem da sombra da sua mente. Durante a noite, sentia a presença invisível a observá-la, mas sempre que tentava procurá-la, ela desaparecia. O medo instalara-se nela. Ela tentou explicar aos seus pais o que tinha visto, mas eles não lhe deram ouvidos. Eles diziam que ela tinha tido um pesadelo.

Mas Ana sabia que não tinha sido um pesadelo. Algo sobrenatural tinha acontecido na Quinta do Lago. Ela sentia que a sombra voltaria. E tinha razão. Uma noite, a sombra voltou. Desta vez, ela estava preparada. Ana sabia o que fazer.

Ela apanhou o livro, abriu-o e leu as anotações antigas, procurando uma forma de se defender. Descobriu que a sombra só poderia ser afastada com um encantamento antigo, que precisava de ser recitado ao luar. Assim, Ana saiu de casa, no meio da noite, e dirigiu-se à Quinta do Lago. Lá, debaixo da luz da lua cheia, ela recitou as palavras antigas, com a voz firme e determinada.

As palavras eram estranhas, mas Ana sentia que tinham um poder mágico. À medida que ela as pronunciava, o vento mudou, e as árvores ao redor pareciam mover-se num ritmo estranho. No céu, um raio iluminou o céu e a sombra apareceu na sua frente. Parecia furiosa, mas ao ouvir as palavras, a figura começou a diminuir.

Depois de recitar o encantamento, a sombra desapareceu, e Ana sentiu uma onda de alívio. Ela sabia que nunca mais a sombra a incomodaria. Ao regressar a casa, Ana sentiu um profundo cansaço e um grande medo passado. O mistério da Quinta do Lago estava resolvido, mas a experiência deixaria para sempre uma marca na sua memória. A quinta permaneceu silenciosa para sempre, sem sombras ou sussurros noturnos.

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