Era uma noite escura e tempestuosa quando João decidiu explorar a casa abandonada no final da rua. A casa tinha uma fama estranha; os vizinhos diziam que estava assombrada. Mas a curiosidade de João era maior que o medo. Ele pegou uma lanterna e saiu de casa, determinado a descobrir o que se escondia naquele lugar.
Ao chegar à casa, João sentiu um frio na espinha. As janelas estavam cobertas de poeira e as portas rangiam com o vento. Ele respirou fundo e empurrou a porta de madeira. Com um estalo, a porta se abriu, revelando um corredor escuro.
Dentro da casa, o silêncio era opressivo. João começou a andar lentamente, iluminando as paredes com a lanterna. Havia fotografias antigas penduradas, mas os rostos estavam borrados, como se alguém quisesse esconder a identidade das pessoas. Ele se perguntava quem havia vivido ali.
Enquanto explorava, João ouviu um barulho vindo do andar de cima. O coração começou a bater mais rápido. “É só o vento”, pensou ele, tentando se convencer. Mas a curiosidade o levou a subir as escadas. Cada passo ecoava, e a atmosfera tornava-se cada vez mais tensa.
No andar de cima, encontrou um quarto com a porta entreaberta. A luz da lanterna iluminou uma mesa coberta de poeira e uma cadeira caída. Mas o que chamou sua atenção foi um diário aberto em cima da mesa. Ele se aproximou e começou a ler as páginas amareladas. O diário pertencia a uma mulher chamada Clara, que viveu na casa há muitos anos. Clara falava sobre sonhos e esperanças, mas também mencionava uma presença estranha que a fazia sentir-se assustada.
De repente, João ouviu outro barulho, desta vez mais forte. Parecia alguém a andar. Ele se virou rapidamente, mas não viu ninguém. Com o coração acelerado, decidiu que era hora de ir embora. Mas quando se virou para a porta, ela estava fechada. Ele tentou empurrá-la, mas não se movia. O pânico começou a tomar conta dele.
“Calma, João”, disse ele para si mesmo. “Apenas respira.” Olhando ao redor, ele percebeu que havia uma janela. Talvez pudesse escapar por ali. Caminhou rapidamente até a janela, mas estava trancada. A sensação de estar preso aumentava a cada segundo.
Enquanto tentava abrir a janela, sentiu uma presença atrás dele. Virou-se lentamente e viu uma sombra na porta. Era uma figura alta, envolta em um manto escuro. A figura não se movia, mas a sua presença era suficiente para fazer João sentir um frio na barriga.
“Quem é você?” perguntou João, tentando manter a voz firme. A figura não respondeu. Em vez disso, começou a avançar lentamente em sua direção. João não sabia o que fazer. Ele estava preso, sem saída, e a figura parecia cada vez mais ameaçadora.
Então, lembrou-se do diário. A mulher que escreveu aquelas páginas tinha enfrentado seus medos. Ele precisava ser corajoso. Com um impulso de determinação, João gritou: “Eu não tenho medo de você!” A figura parou, e o silêncio tomou conta do quarto.
Para sua surpresa, a figura começou a desaparecer, como se a luz da lanterna estivesse a dissipá-la. João percebeu que a sombra era apenas uma manifestação do medo que ele sentia. Ele olhou para o diário novamente e decidiu que precisava concluir a leitura.
Com a luz da lanterna, voltou a ler. Clara falava sobre libertação e coragem. Ela havia encontrado uma forma de lidar com a presença que a assustava. Inspirado pelas palavras dela, João sentiu uma nova força. Ele tentou novamente abrir a porta, e desta vez, ela se abriu com um estalo.
João desceu as escadas rapidamente, mas antes de sair, olhou para trás. A casa, embora velha e sombria, agora parecia diferente. Ele havia enfrentado seus medos. Ao sair, prometeu a si mesmo que nunca mais deixaria o medo controlá-lo.
Naquela noite, enquanto caminhava para casa, João sentiu-se mais forte e mais corajoso. A aventura tinha mudado algo dentro dele. A casa abandonada não era mais um lugar de terror, mas sim um símbolo de superação. Ele sabia que, a partir daquele dia, enfrentaria qualquer desafio que a vida lhe apresentasse, sem medo.