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O Mistério da Casa Abandonada C1.2

A mystery story by Inês Almeida

Era uma manhã cinzenta em Lisboa, e os sinos da igreja de São Vicente de Fora soavam suavemente ao longe. Maria, uma jornalista ambiciosa, estava à procura de uma história que pudesse catapultá-la para a fama. Numa tarde, enquanto caminhava pelas ruas estreitas do Alfama, deparou-se com uma velha casa abandonada, cuja porta estava entreaberta, como um convite ao desconhecido. Intrigada, decidiu investigar.

Entrou na casa, onde o ar estava pesado e o cheiro de mofo impregnava as paredes. O chão de madeira rangeu sob os seus pés, e a luz filtrava-se por janelas sujas. Maria sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha, mas a sua curiosidade era mais forte que o medo. Cada passo que dava parecia ecoar na vastidão do espaço vazio.

Na sala principal, encontrou uma série de fotos emolduradas. Eram retratos de uma família que ali havia vivido, com sorrisos estampados nos rostos. Uma das fotos chamou a sua atenção: uma mulher de olhos penetrantes, que parecia olhar diretamente para ela. Maria sentiu uma conexão instantânea com aquela figura, quase como se tivesse sido chamada para descobrir algo.

Enquanto examinava os objetos dispersos pela casa, encontrou um diário escondido entre as páginas de um livro antigo. As folhas estavam amareladas e algumas estavam rasgadas, mas as palavras ainda eram legíveis. O diário pertencia a Clara, a mulher da foto. Maria começou a ler, fascinada pela vida da mulher. Clara descrevia a sua rotina, os seus sonhos e, eventualmente, uma sombra que parecia pairar sobre a sua vida: um segredo que nunca revelou, um mistério que a consumia.

Determinada a descobrir mais, Maria decidiu investigar a história da família. Pesquisou em arquivos locais e falou com vizinhos que ainda se lembravam deles. Através das conversas, descobriu que Clara tinha uma irmã, Isabel, que desaparecera misteriosamente anos antes. Os rumores diziam que Isabel havia sido vista pela última vez na casa, mas ninguém sabia o que realmente aconteceu.

A cada nova informação, Maria sentia-se mais envolvida. As peças do quebra-cabeça começavam a encaixar-se. A relação entre Clara e Isabel parecia complexa, marcada por ciúmes e rivalidades. Clara, a irmã mais velha, sempre foi a favorita dos pais, enquanto Isabel lutava para ganhar a sua aprovação. Essa dinâmica familiar parecia ter raízes profundas, e Maria estava determinada a entender o que realmente se passara.

Numa noite, enquanto revisava as anotações, uma ideia surgiu-lhe. E se Isabel tivesse deixado pistas na casa? Maria decidiu voltar ao local, armada com uma lanterna e uma câmara. Ao explorar os quartos, encontrou um compartimento secreto atrás de uma parede falsa. Dentro, havia cartas de amor e um colar antigo, que Clara supostamente tinha dado a Isabel como presente. Mas o conteúdo das cartas era perturbador: falavam de um amor proibido, alguém que não deveria ser amado.

Maria sentiu um frio na barriga. O que quer que tivesse acontecido entre as irmãs estava ligado a esse amor secreto. As palavras de Clara no diário começaram a fazer sentido. O segredo que a atormentava era a razão do desaparecimento de Isabel. Mas quem era essa pessoa que causou tanta discórdia?

Decidida a descobrir a verdade, Maria procurou novamente os vizinhos, desta vez focando no passado de Isabel. Descobriu que havia um jovem chamado Miguel, que frequentava a casa da família. Através de relatos, percebeu que Miguel e Isabel tinham um relacionamento apaixonado, mas que os pais de Clara desaprovavam. No entanto, o que mais a intrigava era uma história sobre uma carta que Isabel tinha escrito para Miguel, afirmando que estava prestes a fugir com ele.

Maria sentiu que estava perto de descobrir o que realmente aconteceu naquela casa. Com novas pistas em mãos, voltou à casa abandonada, onde tudo tinha começado. No entanto, ao entrar, notou algo estranho. As fotos estavam mudadas, e a porta estava agora trancada. Um arrepio percorreu-lhe a pele. Alguém estava a vigiar as suas investigações.

Assim que se virou para sair, ouviu um sussurro. “Você não deveria estar aqui.” Era uma voz familiar, mas não conseguia identificar de onde vinha. Maria sentiu o coração acelerar. O mistério da casa abandonada estava longe de ser resolvido, e o segredo de Clara e Isabel poderia ser mais perigoso do que imaginava. O que Maria não sabia era que a verdade estava prestes a ser revelada, mas não sem consequências.

O mistério da casa abandonada continuava a intrigar não só a Maria, mas também as almas que ali tinham vivido, presas entre o passado e o presente, esperando que finalmente alguém descobrisse a verdade.