No coração de um vale escondido entre montanhas majestosas, vivia uma comunidade de criaturas mágicas. Entre elas, existia uma fada chamada Lira, conhecida por sua beleza e pela sua capacidade de fazer florescer as plantas com um simples toque. Lira era a última de sua espécie, pois as fadas estavam a desaparecer devido à poluição e à destruição das florestas.
Um dia, enquanto Lira voava sobre o vale, ela encontrou um jovem humano chamado Tomás. Ele estava sentado à beira do rio, triste e pensativo. A curiosidade levou-a a aproximar-se dele. Tomás não conseguia ver a fada, mas sentiu uma brisa suave e um perfume de flores. Ele olhou à sua volta, mas não encontrou ninguém.
— Quem está aí? — perguntou Tomás em voz alta, sem perceber que estava a falar com uma fada.
— Sou eu, Lira — respondeu a fada, revelando-se numa nuvem de luz dourada. — Vejo que estás triste. O que te aflige?
Tomás ficou espantado, mas ao mesmo tempo encantado. Ele contou a Lira sobre a sua aldeia, que estava a sofrer devido à seca. As plantações estavam a murchar, e as pessoas estavam a perder a esperança. Lira ficou comovida com a história do jovem e decidiu ajudá-lo.
— Se me prometes que irás cuidar da natureza, eu posso trazer um pouco de chuva ao teu vale — disse Lira, com um sorriso. Tomás, entusiasmado, concordou sem hesitar. Ele nunca tinha visto uma fada antes, e a ideia de ter a ajuda de uma criatura mágica parecia um sonho.
Lira deu a Tomás uma pequena gota de néctar mágico e disse-lhe que a deveria colocar na terra seca ao amanhecer. Ao fazer isso, a chuva começaria a cair. Tomás agradeceu à fada e correu para casa, cheio de esperança.
Na manhã seguinte, ele seguiu as instruções de Lira. Colocou o néctar na terra e, inesperadamente, nuvens escuras começaram a formar-se no céu. A chuva caiu, suave no início, mas logo se transformou numa tempestade revigorante. As plantas começaram a absorver a água, e em pouco tempo, o vale transformou-se num oceano de verde vibrante.
Os habitantes da aldeia ficaram maravilhados. A alegria voltou aos rostos das pessoas, e começaram a celebrar a chuva que salvara as suas colheitas. Tomás, agora um herói, sabia que a sua vida tinha mudado para sempre. Mas o que ele não sabia era que a magia de Lira tinha um preço. A cada gota de chuva que caía, a energia da fada diminuía.
Com o passar do tempo, Lira começou a sentir-se fraca. As flores no vale floresciam, mas a beleza de Lira estava a desaparecer. Quando Tomás a encontrou novamente, ele percebeu que a fada estava mais pálida e menos radiante.
— O que se passa, Lira? Estás diferente! — perguntou Tomás, preocupado.
— O que eu fiz para ajudar o teu povo teve um custo. A magia precisa de equilíbrio. Quando se dá, também se recebe — explicou Lira, com uma voz suave. — A chuva trouxe vida ao teu vale, mas a minha força está a esgotar-se.
Tomás sentiu-se culpado. Ele queria ajudar Lira, mas não sabia como. Lira, percebendo o desespero de Tomás, disse-lhe que a única forma de restaurar a sua força era encontrar um lugar limpo e puro, onde a natureza estivesse intacta. Juntos, decidiram partir numa jornada em busca desse lugar mágico.
Após dias de viagem, eles encontraram uma floresta exuberante, cheia de vida e beleza. Lira sentiu a energia a voltar. Com um gesto, ela fez as flores dançarem e as árvores sussurrarem. A magia fluiu novamente, e Lira recuperou a sua força.
Tomás aprendeu a importância de proteger a natureza e prometeu ser um guardião do vale. Ele e Lira tornaram-se amigos inseparáveis, unidos pela magia e pela responsabilidade de cuidar do mundo ao seu redor. Desde então, a história da última fada do vale e do jovem humano que aprendeu a amar a natureza tornou-se uma lenda, passando de geração em geração.
E assim, Lira continuou a viver entre as flores, sempre atenta ao chamado de quem precisava de ajuda, enquanto Tomás dedicou a sua vida a proteger a beleza do seu lar.